A sustentabilidade é um conceito recorrente. Na arquitetura não seria diferente. Existem técnicas que tornam a residência ecofriendly, porque apostam na economia de energia, no reuso e diminuição da água utilizada. Algumas soluções já são bem conhecidas, como trocar lâmpadas incandescentes por modelos fluorescentes ou de LED e instalar painéis solares para o aquecimento da água.
Segundo a arquiteta Ana Lucia Siciliano, o conceito tem de existir desde o começo da obra. “Procuro trabalhar com material de reposição, recicláveis e duráveis e também com produtos daquela região. Assim, você fomenta o crescimento do comércio do entorno”. O arquiteto Rodrigo Angulo também tenta levar os seus projetos na mesma linha. “O sustentável não está só no ponto de vista ecológico, mas nas práticas feitas ao longo da construção. Você tem de ver se o caminhão que você contratou suja a rua, se gera uma quantidade de pó excessiva e se as pessoas que trabalham na obra estão registradas”. Isso ajuda a manter um local de trabalho seguro e agradável.
A escolha dos materiais certos é muito importante. Não basta optar por produtos ecologicamente corretos, deve-se verificar se o deslocamento para que ele chegue ao consumidor final não seja mais poluente do que o produto tradicional “não-ecológico”. “O que é sustentável em um lugar pode não ser em outro”, defende Angulo. Uma saída, de acordo com Ana Lucia, é recuperar os resíduos das indústrias. A fuligem resultante da queima de cerâmica vira tinta, alguns pigmentos vêm também da terra. A madeira deve ter uma certificação que ateste sua extração legal ou, ainda, proveniente de áreas de reflorestamento.
A arquiteta Consuelo Jorge aplicou o máximo de conceitos sustentáveis na sua própria casa. No imóvel, a água da chuva abastece as torneiras externas e rega o jardim. Já a água descartada pelas bicas e chuveiros vai direto para as descargas. Para manter a temperatura interna agradável, a profissional apostou na ventilação cruzada, quando duas janelas em direções opostas possibilitam uma corrente de ar constante. Na parte de iluminação, Consuelo optou por interruptores com dimerização, aqueles que regulam a intensidade da luz. “O investimento inicial pode até ser alto, mas o gasto adicional se paga em cinco anos com a economia proporcionada por esse tipo de construção”, calcula. O projeto foi estudado por dois anos e a execução levou nove meses.
Fonte: PRIMAPAGINA, especial para o Terra