Como projetar uma casa para idosos?
Mais do que o conforto, a segurança.
De acordo com estudos da Universidade de São Paulo (USP), projetar pensando no bem-estar dos idosos reduz cerca de 40% dos acidentes domésticos, enquanto dados do Ministério da Saúde mostram que 70% dos acidentes envolvendo pessoas acima de 60 anos acontecem dentro de suas próprias residências.
Por isso, ter um olhar mais cuidadoso nessa área é de grande importância. Mas, será que existe uma casa perfeita para a terceira idade?
Para responder essa pergunta, conversamos com dois especialistas: Flávia Ranieri, do escritório Grou, especializada em gerontologia – ciência que estuda o processo de envelhecer – e expert em projetos para essa faixa etária, e Hélio Carneiro, do escritório Hom Arquitetura.
A resposta à pergunta é unânime entre os dois: na verdade, ela não existe! O projeto precisa partir de um estudo do dia a dia do idoso, para que suas atividades sejam facilitadas. “A casa perfeita será a que atender as necessidades de cada idoso”, diz Flávia.
CIRCULAÇÕES
As circulações devem ser mais largas (com 1,20 m, no mínimo), pois geralmente os idosos têm cuidadores e passagens generosas ajudam no acompanhamento. Já as portas devem ter entre 0,90 m e 1,00 m, para que seja possível passar uma cadeira de rodas, caso necessário.
Organize tudo deixando as circulações o mais livres possíveis e tire os tapetes do caminho. Geralmente, com o avanço da idade, a visão periférica tende a se perder, por isso é muito importante tirar qualquer obstáculo que possa ocasionar uma queda. Cortinas e roupa de cama muito longas devem ser evitadas, assim como degraus, fios pelo chão e até as camas dos pets. Deixe o chão livre!
ILUMINAÇÃO
A iluminação precisa ser uniforme, sem criar manchas e sombras. É importante reforçar a iluminação nas áreas de trabalho, como cozinha e banheiro.
CORES
Quanto às cores não há regra. Mas, por conta da perda de noção de profundidade, é importante que as superfícies contrastem entre si, como a parede e o piso. Isso irá ajudar no dia a dia e facilitar na visualização.
MÓVEIS E OBJETOS
As áreas de trabalho devem ter a superfície mais clara, pois superfícies escuras dificultam achar pequenos objetos sobre elas. Opte por móveis com bordas arredondadas e abuse de texturas e tecidos que trazem mais aconchego – por conta da perda de sensibilidade, os idosos costumam se identificar com esse tipo de tecido. Sempre coloque almofadas no sofá para ajudar no ajuste da postura.
Se possível, opte por armários abertos ou com portas de vidro para uma fácil e rápida visualização de tudo. Afinal, com a perda de memória, pode ficar difícil achar algumas coisas. Na cozinha, coloque prateleiras mais baixas para facilitar (a 1,40 m de altura mais ou menos) – lembrando que essas medidas podem variar conforme a altura da pessoa.
BANHEIRO
O banheiro é um dos locais onde mais ocorrem acidentes, por isso é preciso ter um cuidado especial. Utilize assentos elevados no vaso sanitário para auxiliar na hora de levantar (por ter a altura mais baixa, muitos idosos sentem tontura na hora que levantam, e o assento elevado irá auxiliar nessa questão). Inclua também barras de apoio e fitas antiderrapantes no banheiro. Há também a opção de utilizar uma espécie de cera sobre o piso liso que terá o mesmo efeito. O ideal é que o banheiro tenha uma área livre de 1,5 m, ideal para uma cadeira de rodas passar.
QUARTO
O ideal é deixar a mesa de cabeceira na altura do colchão, evitando assim batidas desnecessárias, pois a pele do idoso é naturalmente mais sensível e uma simples batida pode se tornar uma lesão mais séria. Utilize arandelas ao invés de abajures para deixar a superfície do móvel mais livre e evitar acidentes.
A altura da cama irá variar conforme o idoso. O ideal é que, ao sentar-se na cama, os pés encostem no chão e a perna forme um ângulo de 90°.
Acessibilidade, aconchego e muito carinho! Todos nós iremos envelhecer.
Fonte: Casa Vogue
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