Ainda na faculdade, a arquiteta catarinense Lívia Ferraro começou a pesquisar métodos de construção sustentáveis. “Queria um sistema diferente do convencional, porque as técnicas tradicionais sempre me pareceram arcaicas”, afirma ela. Foi assim que ela descobriu o conceito de casa-contêiner, que desde 2001 tem sido utilizado nos Estados Unidos e na Europa. Entusiasmada, Lívia decidiu aplicar a ideia em seu trabalho de conclusão de curso. O projeto se tornou o primeiro do gênero no Brasil e chamou a atenção de muita gente. A partir de então, Lívia começou a ser convidada a expor seu trabalho em eventos de arquitetura e hoje vários escritórios já trabalham com a ideia.
Segundo a arquiteta, a proposta é aliar design e sustentabilidade. De acordo com ela, já na obra se sente a diferença: “não tem consumo de energia como em uma obra comum, além de minimizar o desperdício”. Lívia diz que em um processo tradicional de construção, cerca de 30% do material chega a ser desperdiçado, enquanto em uma casa-contêiner o que vai fora se resume “a um saco de lixo”.
A casa pode ter diferentes tamanhos. “Eu brinco que é como montar lego: você tem pecinhas e pode ir encaixando de acordo com o que você quer”, afirma a arquiteta. Para evitar que o interior do imóvel fique muito quente, ela utiliza contêineres próprios para transporte de carga refrigerada, que têm isolamento térmico ou instala esse tipo de revestimento em modelos comuns. O sistema hidráulico é idêntico ao de uma obra comum: embutido nas paredes. Para minimizar ainda mais o impacto ambiental, sempre que pode ela utiliza árvores de reflorestamento, iluminação de LED (que economiza energia elétrica) e painel solar fotovoltaico, que usa a luz do sol para gerar energia. Para Lívia, é importante que a arquitetura seja sempre uma aliada da sustentabilidade.
Além de casas, ela já usou contêineres em projetos de home office e stand de venda de imóveis. Ela diz que um mostruário assim “é muito mais barato para a empresa, já que, ao final das vendas, o stand inteiro pode ser levado para outro lugar”. Já o home office pode simplesmente ser “inserido” no quintal de uma casa.
Fonte: Terra