Você entra em pânico em locais abertos ou em locais fechados e apertados? E quanto a locais altos ou aranhas? Se esses medos são frequentes ou debilitantes, você pode ter ansiedade fóbica – e não estaria sozinho: no mínimo 8% dos americanos têm pelo menos uma fobia.
O problema é que todo esse estresse psicológico pode estar comprometendo a saúde física. Um novo estudo sugere que ansiedade fóbica intensa pode levar ao envelhecimento biológico precoce – e possivelmente a outros problemas de saúde relacionados – de mulheres de meia-idade ou mais.
“Muitas pessoas perguntam se – e como – o estresse pode nos fazer envelhecer mais rápido”, declara Olivia Okereke, coautora do estudo e psiquiatra do Brigham and Women’s Hospital, em Boston. Então, ela e seus colegas resolveram testar a ideia.
Para isso os pesquisadores examinaram amostras de sangue e resultados de pesquisas de 5.243 mulheres entre 42 e 69 anos, do estudo Nurses Health Study. Eles descobriram que as participantes com maiores níveis de ansiedade fóbica tinham marcadores biológicos correspondentes a pessoas seis anos mais velhas. As descobertas foram publicadas on-line em 11 de julho na PLoS ONE.
Durante a pesquisa, Olivia e seus colegas observaram especificamente os telômeros, as pontas protetoras dos cromossomos que impedem que a informação genética seja perdida durante a divisão celular. Conforme envelhecemos, os telômeros se encurtam naturalmente. Cientistas suspeitam que esse encolhimento resulte de exposição ao estresse oxidativo e a inflamações (telômeros mais curtos, especialmente para idades específicas, foram relacionados a um aumento no risco de doenças cardíacas, câncer e demência).
Os novos resultados demonstram “uma conexão entre uma forma comum de estresse psicológico – ansiedade fóbica – e um mecanismo plausível para o envelhecimento precoce”, explicou Olívia. Ela destacou, porém, que o estudo atual não realizou testes explícitos para verificar se a ansiedade provocava o encurtamento dos telômeros. Ela e os coautores escreveram em seu artigo que “apesar de a literatura se encontrar em um estágio inicial, há plausibilidade biológica para sustentar relações de ansiedade a telômeros mais curtos, particularmente via estresse oxidativo e inflamação”.
Ansiedades fóbicas geralmente começam cedo e são mais comuns em mulheres. O lado positivo é que podem ser tratadas com terapia. Se as fobias realmente estão encurtando telômeros, talvez seja possível limitar o envelhecimento precoce e os riscos de doenças associadas em milhões de pessoas por meio de seu tratamento.
Fonte: Scientific American Brasil
Texto produzido por Katherine Harmon