Cansado da decoração da sua casa, mas sem dinheiro para comprar móveis novos? Não se preocupe. Nem sempre é preciso trocar tudo para mudar o visual de um ambiente. A pátina, técnica surgida na época da Revolução Francesa, ajuda a recriar a decoração apenas “reciclando” móveis. Meyre Aguiar, do escritório de decoração Restaur’Art, de São Paulo, define a pátina como uma restauração com acabamento. Existem diversas técnicas e estilos, mas o princípio é o mesmo: revestir o móvel com tintas ou materiais que podem tanto “envelhecer” uma peça nova quanto reinventar o visual de um objeto antigo.
Originalmente, pátina é o nome dado à película que se forma sobre esculturas de bronze ou cobre devido à oxidação – mudando seu aspecto. No fim do século XVIII, artesãos da região da Provença, no sul da França, desenvolveram um método para provocar esse efeito em outros materiais sem a ação do tempo. Assim nasceu a chamada pátina provençal. Nessa época os artesãos usavam uma massa de gesso e cola para esconder os defeitos de uma madeira inferior. Com o tempo, a pátina se desgastava e o móvel adquiria a aparência que se tornou sinônimo de elegância quando a rainha Maria Antonieta usou a técnica para decorar sua “pequena vila” nos Jardins de Versalhes. Há quem diga, também, que o estilo ficou famoso quando os nobres franceses tiveram de abandonar suas casas para escapar da perseguição durante a Revolução Francesa e os móveis dessas residências ficaram desgastados.
Seja como for, o artista plástico Piasson, de Curitiba, diz que as diferentes técnicas utilizadas hoje são uma variação do estilo provençal. “Cada país ou lugar criou variações da técnica e dos materiais usados”. De acordo com a artista plástica e decoradora Cinthya Vaz, de Cotia, os artesãos vão nomeando as diferentes técnicas, porém, basicamente, a pátina é uma pintura com duas cores que dá um efeito de riscado. Uma dessas variações é o decapê, que encapa a madeira com uma massa.
Sustentável e acessível
A proliferação de estilos, no entanto, não impediu que a pátina caísse em desuso. Segundo Piasson, depois de um longo período de ostracismo a técnica só voltou a se popularizar em meados da década de 1990. E agora ganhou nova vida. Meyre Aguiar acredita que muita gente usa a técnica para restaurar móveis por ser uma atitude sustentável e porque é cada vez mais difícil achar móveis de madeira maciça com bons preços.
E, apesar de ser associada à madeira, a pátina pode ser utilizada em diferentes materiais, como MDF, ferro, fórmica ou plástico. Cinthya Vaz já aplicou a técnica em geladeiras, peças de papelão e papel machê. “É possível fazer pátina em cadeiras de plástico, basta usar o material e a técnica adequados”, complementa Piasson. A pátina é uma técnica fácil de aprender. “É só seguir a receita”, afirma Cinthya. Tanto Piasson quanto Cynthia ministram cursos. Há até quem os faz à distância, acessando vídeos que explicam passo-a-passo como fazer a restauração.
Fonte: Terra